Miopatias
Afecções em que os sintomas decorrem da disfunção do músculo e que não apresentam evidências de um distúrbio emocional ou desnervação.
Caracterizadas pela perda de massa muscular, degeneração e regeneração aleatória das fibras musculares, infiltração de leucócitos em alguns casos.
Classificação:
Hereditárias:
– DistrofiasMusculares
– Miopatias Congênitas
– MiopatiasMetabólicas
– MiopatiasMitocondriais
Adquiridas:
– Miopatias Inflamatórias
– Miopatias Endócrinas
– Miopatias Associadas
com Outras Doenças
Sistêmicas
– Miopatias Induzidas por Drogas
Hereditárias
– DistrofiasMusculares (degeneração das fibras musculares);
– Miopatias Congênitas (alteração na estrutura das fibras
musculares);
– Miopatias Metabólicas (defeitos bioquímicos nos sistemas
energéticos musculares- metabolismo de carboidratos,
lipídios, etc.);
– MiopatiasMitocondriais (mutação do DNA mitocondrial);
DISTROFIAS MUSCULARES
– Grupo de doenças que se caracterizam por uma degeneração progressiva e irreversível dos músculos
esqueléticos.
– Doença genética – herança autossômica dominante, autossômica recessiva ou ligada ao X.
– São divididas em grupos de acordo com a distribuição da fraqueza e a herança genética.
– Apresentam heterogeneidade clínica e genética, porém a mesma base anatomopatológica – padrão distrófico de alteração da fibra muscular
DIAGNÓSTICO:
Dosagem do Creatinoquinase (CK) no sangue;
Estudo do DNA;
Biópsia muscular – verificar ausência/diminuição da proteína distrofina no tecido muscular;
Distrofia Muscular de Duchenne - DMD:
– É a mais comum – incidência de 1:3000 nascidos do sexo masculino;
– Herança recessiva ligada ao X– manifestam-se no sexo masculino e o sexo feminino é portador;
Ausência da produção da distrofina – proteína cuja função é manter a estabilidade da membrana da célula muscular;
Distrofia Muscular de Becker - DMB:
– É cerca de 10 vezes mais rara – incidência de 1:30.000 do sexo masculino;
– Herança recessiva ligada ao X – manifestam-se no sexo masculino e o sexo feminino é portador;
Diminuição da produção da distrofina – proteína cuja função é manter a estabilidade da membrana da célula muscular;
DISTROFIA MUSCULAR DE DUCHENNE
Está entre as doenças infantismais incapacitantes;
– Erro genético ligado ao X (gene 21p);
– Distrofia Muscular Pseudo-hipertrófica ou Distrofia muscular progressiva;
– Manifestações clínicas aparecem antes do 4º ano de vida;
– Sintomas iniciais:
Quedas freqüentes durante a marcha (iliopsoas, quadríceps e glúteos);
Marcha digitígrada;
Dificuldades para subir escadas; Dificuldade de correr.
Fraqueza muscular simétrica – inicialmente extensores do joelho e da coluna – Sinal de Gowers;
– Dor, cansaço, cãimbras;
– Marcha anserina – lordose acentuada e báscula de bacia
Pseudohipertrofia das panturilhas;
– Hiperlordose lombar ;
– Escápulas aladas
Com a progressão da doença:
Comprometimento dos MMSS
Comprometimento dos músculos respiratórios – altera a dinâmica respiratória, diminui capacidade vital para menos de 20% do normal – hipoventilação noturna, criança acorda com freqüência e tem medo
de dormir (uso de BIPAP);
Retrações fibrotendíneas e contraturas musculares – principalmente tendão de Aquiles e isquiotibiais.
Comprometimento dos paravertebrais – escoliose
Com a progressão da doença:
Crescente fraqueza muscular e contraturas – perdas funcionais importantes – perda da marcha entre 7 e 13 anos;
Comprometimento do músculo cardíaco – alteração do ritmo e da condução; 30 a 50% dos pacientes apresentam retardo mental;
Óbito geralmente antes dos 20 anos – complicações respiratórias ou cardíacas.
Os reflexos tendíneos tendem a diminuir e desaparecer;
Os reflexos cutâneos estão normais;
A sensibilidade permanece íntegra;
Sistema esquelético
– Ossos finos e desmineralizados
– Osteoporose precoce.
DISTROFIA MUSCULAR DE BECKER
Mais leve e de início mais tardio – após os 10 anos;
– Sobrevive até a vida adulta – evolução clínica mais lenta;
– Marcha sem apoio até após os 15 anos – permanece deambulando até 20/30 anos – Marcha anserina e lordose lombar;
– Geralmente não desenvolve retrações fibrotendíneas ou contraturas musculares;
– Não apresentam retardo mental.
Pseudohipertrofia de panturrilhas;
Atrofia muscular proximas de MMSS;
Musculatura paravertebral atrofiada;
Marcha anserina
Evolução: morrem por falência respiratória entre 30 e 60 anos;
Preferem não ter filhos porque a filha será portadora
DIAGNÓSTICO
Teste genético;
Biópsia Muscular- diminuição do número de fibras musculares, aumento e atrofia das fibras, necrose, sinais de fagocitose, infiltração gordurosa e aumento do tecido adiposo e conjuntivo.
Elevação de enzimas séricas, mesmo nas fases pré-clínicas da doença: creatinoquinase (CK)- na DMD aumenta até 50 vezes; na DMB não ultrapassa 5X o valor normal;
ENMG: Padrão miogênico típico (diminuição da amplitude e duração dos potenciais motores)
TRATAMENTO
Corticosteróides;
Fisioterapia;
Órteses e adaptações em cadeira de rodas;
Suporte ventilatório *;
Aconselhamento genético *;
DISTROFIA MUSCULAR
FASCIOESCAPULOUMERAL
Herdada de maneira autossômica dominante
(4q35);
Inicia pela face e cintura escapular, progredindo lentamente;
Começa na adolescência, com níveis séricos das enzimas normais;
Escápula alada, as clavículas parecem flutuar.
Incapazes de assobiar, sorrir ou mesmo fechar completamente os olhos, podendo inclusive adormecer com os olhos abertos;
A fraqueza nas pernas atinge principalmente músculos proximais;
Expectativa de vida normal, pois não afetam a função respiratória;
Diagnóstico feito por teste genético.
DISTROFIA MUSCULAR OCULOFARINGEA
Autossômica dominante;
Manifesta-se na quarta a sexta décadas de vida;
Caracteriza-se clinicamente por ptose, disfagia, atrofia de masseter e fraquezamuscular proximal leve ;
De modo variável, pode ocorrer acometimento da musculatura extra-ocular, devendo-se distinguir a
doença da miastenia gravis;
A CK pode estar normal ou levemente aumentada;
A EMG mostra padrão miopático
DISTROFIA MIOTÔNICA DE STEINERT
Acomete o braço longo do cromossomo 19;
Autossômica dominante;
É a mais prevalente na idade adulta e evolui de forma lenta;
Acomete musculatura facial, faríngea, atrofia de temporal e masseter, calvície frontal e catarata;
Existem malformações cardíacas arritmias- pode levar a morte súbita.
Pode iniciar aos 5 anos de idade;
Tem como sintomas disartria, disfagia, voz anasalada e fraqueza dos músculos respiratórios;
Presença de miotonia de percussão e apreensão distal – dificuldade de relaxamento;
Existe atrofia testicular pela endocrinopatia, mas a fertilidade diminui pouco;
Diagnósticomais fácil pelas características físicas;
Não existe cura da doença, apenas o combate às complicações (reabilitação, anticonvulsivantes, aconselhamento genético).
DISTROFIA DAS CINTURAS
A CK pode estar elevada, porém menor que a DMD;
Tratamento paliativo
DERMATOMIOSITE
Etiologia desconhecida (provavelmente auto-imunedepósitos de imunoglobulinas nos vasos sanguíneos
intramusculares);
Caracteriza-se por alterações inflamatórias na pele e no músculo;
Sinais de degeneração, regeneração, edema e infiltração por linfócitos B; células inflamatórias ao redor dos pequenos vasos;
É rara (junto com a polimiosite: 7 casos /1 milhão) e ocorre durante toda a vida, principalmente na
puberdade e aos 40 anos. Os casos tardios vem geralmente associados a carcinoma de pulmão ou
mama.
Sinais envolvem pele e músculo quase simultaneamente;
A erupção cutânea precede a fraqueza muscular, às vezes só percebida pela EMG, biópsia muscular ou dosagem sérica de CK.
A lesão cutânea pode se restringir ao rosto (lesão em asa de borboleta), com edema e hiperemia palpebral e superfícies extensoras de falanges, joelhos, cotovelos e parte superior do tórax;
Posteriormente ocorre espessamento da pele, fibrose de tecidos subcutâneos, com depósito de
cálcio na pele.
Dor e sensibilidade muscular, fraqueza proximal.
Nervos cranianos poupados;
Sensibilidade preservada;
Reflexos tendinosos podem ou não diminuir;
Evolução em semanas;
Tratamento com prednisona e imunoglobulina intravenosa;
Mortalidade de aproximadamente 25%
POLIMIOSITE
Distúrbio de início agudo, auto-imune, com infiltração de leucócitos e melhora freqüente dos sintomas;
Início tardio (após 35 anos) e evolução em semanas ou meses; geralmente está associada a uma doença sistêmica;
Afeta principalmente os músculos proximais, dificuldade em manter a cabeça ereta, o único sintoma
craniano é a disfagia; sem erupção cutânea; artralgia e mialgia presentes;
Pode durar anos e depois parece ficar quiescente;
Diagnóstico por EMG, dosagem de CK e biópsia muscular (infiltração por linfócitos T CD8+, além de
sinais de necrose e regeneração, sem lesões vasculares).
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